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Trigo tem boa produtividade, grão com qualidade, mas preço baixo

Publicada em: 30/11/2025 10:11 -

Principal cultura de inverno, novamente, tem redução de área na região. Produtor precisa, praticamente, 60 sacos para pagar os custos da lavoura por hectare, número superior à produção média da região

 

A colheita do trigo está com 95% da área finalizada e chegando à fase final. Ano após ano, este importante cereal para produção de alimentos e rotação de culturas vem perdendo espaço na região Alto Uruguai em função, principalmente, do preço pago ao produtor e dos custos de produção. Além disso, os eventos climáticos se tornaram preocupação constante para quem trabalha no campo. Entre 2020 e 2025, o Rio Grande do Sul registrou quebra de produtividade em cinco safras em decorrência de quatro secas e uma enchente.

Segundo dados da Emater/RS-Ascar Escritório Regional, em Erechim, a principal cultura de inverno, o trigo, teve, novamente, diminuição de área na safra de 2025 no Alto Uruguai, ficando com 52.250 hectares, o que representa redução de 15% em relação ao ano anterior, observa o assistente técnico regional em Culturas da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo, Luiz Ângelo Poletto. Conforme Poletto, ainda não é possível definir a produtividade, mas a expectativa é ter uma média perto de 60 sacos por hectare (3.600 kg/ha).

Ele ressalta que o cereal, desta safra tem qualidade e está com peso hectolitro (PH) acima de 78. “Isso é bom, principalmente, para panificação. O grande problema é o preço baixo, em torno de R$ 57 a saca. Se persistir esta política de preço baixo, em que o produtor precisa, praticamente, 60 sacos para pagar o custo de produção por hectare, no ano que vem, poucos vão plantar trigo”, ressalta.

Nesta realidade, acrescenta Poletto, muitos produtores devem partir para outras atividades, justamente, no momento em que está ocorrendo a implantação de usinas de etanol na região. “O que é ruim, porque gostaríamos de chegar, entre culturas de inverno, a 100 mil hectares de lavouras”, destaca.

Erechim

O chefe do Escritório da Emater de Erechim, Adriano Szynkaruk, afirma que o município de Erechim plantou 2.000 hectares de trigo, mantendo a mesma área da safra passada. “O clima favoreceu o desenvolvimento da cultura, que está com uma produtividade boa, acima de 3.600 kg/ha e PH muito bom. Contudo, tivemos em torno de 250 hectares atingidos pela chuva de granizo, que não estavam colhidos, resultando numa perda de mais de 80% nestas lavouras. Quem colheu antes do granizo teve uma produtividade superior a 3.600 quilos por hectare e PH ótimo”, explica Adriano.

Estação

O extensionista rural da Emater de Estação, engenheiro agrônomo, Edgar Frank, afirma que o município tem 1400 hectares de área plantada com trigo. “As médias de produtividade estão girando em torno de 2.400 a 4.200 kg por hectare e até um pouco mais. Os produtores que melhoraram adubação e cuidaram um pouco mais da lavoura estão conseguindo produzir acima de 4.200 Kg por hectare com PH acima de 78. E as áreas que estão produzindo menos, 2.400 Kg/ha até 3.000 Kg/ha, foram atacadas por giberela, brusone e, neste ano, o mal-do-pé”, observa Edgar.

Estado

As produtividades médias iniciais do trigo, no Rio Grande do Sul, variam entre 2.800 Kg/ha e 3.500 kg/ha, considerando fatores como fertilidade do solo, regime hídrico e época de semeadura. A área cultivada de trigo no estado gira em torno de 1.141.224 hectares, conforme o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar.

 

Por Ígor Dalla Rosa Müller
Foto Ígor Dalla Rosa Müller

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