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Audiência pública sobre o autismo debate realidade das famílias atípicas

Publicada em: 10/04/2025 09:10 - Região

Sessão em Erechim discutiu desafios e propôs soluções para inclusão e dignidade deste público


Na última sexta-feira, 4 de abril, foi realizada a primeira audiência pública sobre o autismo da região Norte do Alto Uruguai. Um evento histórico promovido pela coordenadora do MOAB Regional (Movimento Orgulho Autista Brasil), Andressa Vieira da Silva, em parceria com o presidente da ATAPERS, João Darcy Resende. O encontro, sediado em Erechim, reuniu autoridades, profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, além de famílias atípicas que enfrentam os desafios diários na luta pela inclusão, acolhimento e dignidade.

Durante o evento, mães compartilharam seus desesperos e angústias sobre o futuro de seus filhos com deficiência. Um dos momentos mais tocantes foi o depoimento de uma mãe, que, ao ver o filho completar 18 anos, desabafou: "E agora?". Sua fala gerou intensas reflexões e Andressa, complementou: “Eu, Andressa, queria apenas abraçá-la e chorar junto. Ninguém sabe da minha dor, e ninguém tem o direito de julgá-la. São lutas diárias. Às vezes, preciso passar por até oito lugares diferentes para dar suporte aos meus filhos”.

Outro relato marcante foi o de uma mãe de um homem com mais de 30 anos, que luta desde os tempos em que Erechim ainda não contava com estrutura para atender pessoas com deficiência. Cansada, mas determinada, ela clama por um espaço ou escola onde seu filho possa ser acolhido. Sua fala representou gerações de mães que, sozinhas, carregam o peso de uma causa invisibilizada por anos.

O evento também contou com a participação de representantes do projeto "Colos que Curam", que discutiram a importância do acolhimento emocional e físico às famílias atípicas. A neuropsicopedagoga Roseli Lengowski, de Centenário, abordou os diferentes tempos de cada criança no processo terapêutico, destacando que "interromper tratamentos por falta de recursos ou compreensão pode trazer sérias consequências". Ela enfatizou a importância da abordagem ABA, mas também ressaltou que cada caso é único e merece uma atenção individualizada.

Apesar de o tema ser de grande relevância, o público foi reduzido, o que evidenciou a necessidade de mais mobilização e conscientização. Ainda assim, profissionais, instituições e famílias saíram da audiência com encaminhamentos concretos e, como símbolo de união, receberam uma camiseta representando essa luta, que agora é coletiva.

Andressa agradeceu a todas as entidades envolvidas e a todos os presentes. Ela lembra que é “mãe, ativista e a voz de 95 municípios. Junto com o presidente Resende e todos que estão conosco nessa jornada, vamos continuar firmes, realizando novas audiências, construindo novas possibilidades e exigindo o direito de existir com dignidade. Precisamos de todos — empresas, escolas, saúde, educação. O MOAB está de portas abertas, acolhendo e orientando as famílias na sede da ATAPERS, na Avenida Uruguai, nº 333, em Erechim”.

A audiência pública foi apenas o primeiro passo. A partir dela, nasce um movimento de transformação social, com a certeza de que “temos verdadeiros gênios em nossas casas, e muitas vezes não sabemos. Precisamos compreendê-los, acolhê-los e garantir a eles o direito de florescer”.


Por Assessoria de Comunicação
Foto Ascom









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