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Cuidados com picadas de aranha

Publicada em: 10/01/2025 10:49 - Saúde

Em 2024, Erechim e região registraram 234 casos de acidentes com animais peçonhentos, incluindo picadas de aranhas, o que destaca a importância de ações preventivas no cotidiano


O Guia de Vigilância e Saúde, do Ministério da Saúde, informa que as picadas de aranha, também conhecidas como araneísmo, ocorrem quando o veneno de uma aranha é injetado através de suas quelíceras, podendo resultar em sérias complicações de saúde, dependendo da espécie. O alerta para a necessidade de atenção especial a três tipos de aranhas em relação à saúde pública: a aranha-marrom, a aranha-armadeira e a aranha-viúva-negra, cujas peçonhas podem ser extremamente perigosas.

Segundo a Secretaria de Vigilância Ambiental de Erechim, foram cerca de 234 notificações de acidentes com animais peçonhentos no município e região, como serpentes, aranhas e escorpiões, no ano de 2024. Em Erechim, foram 195 casos. De acordo com a bióloga da 11ª Coordenadoria de Saúde, Claudia Santin Vanchett, as ocorrências são mais frequentes no verão.

“A nossa principal preocupação ocorre no período mais quente, especialmente durante o verão, que é quando se intensifica a sazonalidade e ocorrem mais acidentes com animais. No calor, os animais se movimentam mais, e essa é também a época de reprodução, quando há uma maior movimentação, principalmente das aranhas. Esses momentos de maior atividade dos animais resultam em mais acidentes” - afirma a bióloga - “É importante destacar que a aranha não é um animal que ataca intencionalmente. O acidente ocorre quando há um contato acidental. Mas o que é um contato acidental? Isso acontece, por exemplo, quando você vai vestir uma roupa e encontra uma aranha nela, ou ao colocar um calçado e perceber que ela está dentro dele. Ela pode também estar em uma cortina, por baixo de uma porta ou até numa cadeira”.

Relato de incidente: O caso de Sérgio Luiz Pietsch

O relojoeiro Sérgio Luiz Pietsch compartilhou sua experiência com uma picada de aranha-marrom, que aconteceu no final de setembro do ano passado. Inicialmente, ele não reconheceu os sintomas como sendo causados por uma picada de aranha. "Foi numa quinta-feira à noite. Eu senti a picada e, como sempre fui muito cuidadoso com os calçados, bati os tênis para ver se tinha algum bicho, mas não encontrei nada. Só que, casualmente, eu tinha uma meia dentro do tênis, e a aranha estava lá. Ela se escondeu na meia", conta.

Após caminhar por cerca de duas horas, Sérgio sentiu uma sensação de corte, como se fosse vidro, mas não deu atenção. Quando a semana passou, o inchaço no pé foi visível e ele procurou atendimento médico na UPA. Inicialmente, foi prescrito antibiótico, mas não houve melhora. Somente após agravamento da situação, com necrose nos dedos do pé, foi necessária uma amputação. "O veneno da aranha acabou necrosando e, no final, tive que amputar", relatou.

Aranhas de importância em saúde pública

As informações abaixo referentes ao tratamento, cuidados, classificação de espécies e prevenção fazem parte do Guia de Vigilância e Saúde.

  • Aranha-marrom (Loxosceles): Conhecida por sua coloração marrom com marcas no formato de um violino, essa aranha não costuma ser agressiva, picando apenas quando se sente ameaçada ou comprimida. Ela habita locais escuros, como atrás de móveis e em telhados. Sua picada pode causar desde reações leves até complicações graves, como insuficiência renal aguda.
  • Aranha-armadeira (Phoneutria): Muito mais agressiva, a aranha-armadeira pode saltar até 40 cm quando se sente ameaçada. Encontrada principalmente em áreas rurais, a picada causa dor intensa, inchaço e até distúrbios cardiovasculares.
  • Aranha viúva-negra (Latrodectus): Caracterizada pela cor negra com uma mancha vermelha no abdômen, a aranha viúva-negra não é agressiva, mas sua picada pode ser extremamente dolorosa, com sintomas como tremores, alterações na pressão arterial e, em casos graves, convulsões.

Sintomas das picadas de aranha

Os sintomas podem variar conforme a espécie. Confira os principais sinais de cada tipo:

  • Picada de aranha-marrom: A dor inicial é leve, mas pode evoluir para bolhas e manchas roxas. Casos mais graves podem levar à insuficiência renal e alterações sanguíneas.
  • Picada de aranha-armadeira: A dor é intensa e imediata, com inchaço, vermelhidão e suores excessivos.
  • Picada de aranha viúva-negra: A dor intensa vem acompanhada de suores, tremores, alterações na pressão arterial e, em situações extremas, distúrbios comportamentais e convulsões.

Como prevenir acidentes

Prevenir acidentes com aranhas é fundamental, especialmente em áreas domésticas e rurais. Aqui estão algumas dicas simples para reduzir o risco:

  • Mantenha o ambiente limpo, evitando o acúmulo de folhas secas e entulhos.
  • Evite plantas ornamentais e arbustos densos próximos a paredes e muros.
  • Antes de usar sapatos e roupas, sacuda-os para verificar se há aranhas escondidas.
  • Vede soleiras de portas e janelas ao anoitecer, pois muitas aranhas são noturnas.
  • Use calçados fechados e luvas ao manipular objetos em locais propensos à presença de aranhas.
  • Preservar inimigos naturais, como aves noturnas e sapos, pode ajudar no controle populacional de aranhas.

Tratamento em caso de picada

O tratamento das picadas de aranhas depende do tipo de acidente. Exames laboratoriais para identificar o veneno não são comuns, mas casos graves podem resultar em alterações no sangue, como anemia ou elevação dos níveis de ureia e creatinina. O tratamento é clínico e deve ser iniciado o mais rápido possível.

Em caso de picada, é importante lavar bem o local afetado com água e sabão, aplicar compressas frias e buscar atendimento médico imediato. O acompanhamento especializado será necessário, principalmente se houver dor intensa, dificuldades respiratórias ou alterações cardíacas.


Por Gabriela de Freitas
Foto Gabriela de Freitas/Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul





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