Mais de 5 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia no último ano

ARIS MESSINIS / AFP


Mais da metade das pessoas que foram forçadas a deixar o país onde viviam era da Síria, da Ucrânia ou do Afeganistão


O relatório Tendências Globais da Acnur, a agência da ONU para refugiados, divulgado nesta quarta-feira (14), mostra que o número de pessoas que foram forçadas a deixar o país onde viviam disparou em 2022. Conflitos, violações dos direitos humanos e perseguições são os motivos da grande maioria desses deslocamentos. 

Segundo o levantamento, 108,4 milhões de pessoas precisaram fugir no ano passado, um crescimento de 21% se comparado a 2021. Desse número, 35,3 milhões são refugiados, ou seja, pessoas que buscavam uma nação mais segura para viver. Há também 62,5 milhões que migraram dentro do próprio país onde vivem. Outras 5,4 milhões entraram com pedido de asilo e mais 5,2 milhões se deslocaram porque precisavam de alguma proteção internacional.

Em comparação com 2021, o número de refugiados no mundo teve um crescimento de 35%, quase 9 milhões de pessoas a mais.

Mais da metade dos refugiados (52%) partiu da Síria, da Ucrânia e do Afeganistão. Esses três países passam por instabilidades provocadas por conflitos. De acordo com a Acnur, 16% dos refugiados em todo o mundo em 2022 eram ucranianos. 

No início da guerra entre Ucrânia e Rússia, em 24 de fevereiro do ano passado, mais de 200 mil pessoas por dia buscaram abrigo em outros países, principalmente nas regiões próximas, como a Polônia. A ONU destaca que a última vez em que foi registrado um deslocamento tão rápido e tão grande foi durante a 2ª Guerra Mundial.

Os sírios ocupam a primeira posição do ranking de nacionalidades que mais deixaram seu país de origem, mas o ritmo de crescimento foi maior entre os ucranianos. A Acnur comparou os dados e identificou que, enquanto em um ano 5,7 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia, o mesmo número de pessoas deixou a Síria em quatro anos. 

Turquia, Irã, Colômbia, Alemanha e Paquistão receberam a maior parcela de refugiados em 2022. Mais de 3,6 milhões de pessoas entraram na Turquia. Outros 3,4 milhões estão no Irã. A Colômbia foi o país das Américas que mais recebeu refugiados, com 2,5 milhões. Na sequência aparece o Paquistão, que abrigou 1,7 milhão.

Apesar desses quatro países receberem o maior número de refugiados, a Acnur destaca que as pessoas preferem ficar o mais próximo possível do país de origem e fogem para alguma nação vizinha. A cada dez pessoas que precisaram de abrigo em 2022, sete escolheram cruzar uma fronteira próxima.

Desde que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, em 2021, o número de refugiados disparou

Desde que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, em 2021, o número de refugiados disparou

STRINGER / REUTERS

A América Latina recebeu mais de 800 mil refugiados, um aumento de 17% em comparação com 2021. Esse número é composto principalmente por venezuelanos, país que vive uma crise política e econômica há anos. Nesta parte do continente americano, Colômbia, Peru e Equador foram os três países que mais receberam esses estrangeiros. 

O relatório da Acnur destaca que a guerra no Sudão, iniciada em 15 de abril deste ano, está obrigando muitas pessoas a buscarem um local seguro para viver. Pelo menos 3,5 milhões de pessoas se deslocaram dentro do território sudanês e mais 1,1 milhão buscou abrigo em outro país. Esses números ainda não foram contabilizados no relatório recém-divulgado; estarão presentes no próximo levantamento.


  • Pablo Marques, do R7