Ministérios tem orçamentos que chegam a R$ 1,33 trilhão
FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Presidentes da República e da Câmara devem se encontrar ainda nesta quarta para tratar de MP que reestrutura Esplanada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou por telefone na manhã desta quarta-feira (31) com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), depois de ter convocado uma reunião de última hora com ministros do governo para debater sobre a medida provisória que trata da reestruturação da Esplanada dos Ministérios.
A validade do texto acaba nesta quinta (1º), e ainda não há consenso no Congresso Nacional para a aprovação da matéria. Lira tem cobrado da base de Lula uma articulação mais forte para que a proposta seja aprovada.
Temendo a rejeição da MP, Lula procurou Lira para evitar uma derrota. Ainda nesta quarta, os dois devem se encontrar pessoalmente. A reunião deve acontecer antes de a Câmara dar início à votação do texto.
A um dia de vencer a medida provisória, o governo federal tenta recuperar o tempo perdido e corre contra o tempo para articular a aprovação do texto no Congresso. Ao longo da manhã, Lira reuniu lideranças para contar votos e recebeu o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para buscar um acordo.
Padilha já declarou que o governo vai defender o relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) da forma com que foi aprovado na comissão mista, mesmo havendo esvaziamento de pastas como do Meio Ambiente e Povos Indígenas.
"Não acho que seja o melhor, o ideal, mas vamos defender o relatório", afirmou Padilha durante uma reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo na terça-feira (30), momentos antes de a Câmara adiar a votação da MP por risco de a matéria não ser aprovada.
A reportagem apurou com pessoas próximas ao governo e parlamentares da base que o impasse é político. O movimento contra a votação tem apoio de líderes do Centrão, além da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, até mesmo partidos próximos ao governo, como o Solidariedade, conta com integrantes contrários à forma com que as mudanças pelo relator impactam pautas ambientalistas.
Para que a medida seja aprovada na Câmara, é necessário pelo menos 257 votos favoráveis entre 513 deputados. O governo será derrotado caso esse número não seja atingido ou a matéria não seja sequer votada, expondo a fragilização política de Lula e, sobretudo, comprometendo a organização dos ministérios.
Sem a aprovação da MP, o governo terá de retomar a estrutura ministerial anterior à posse de Lula. Dessa forma, a gestão do presidente deixaria de ter 37 pastas e passaria a contar com 23, como era no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL). Se isso acontecer, Lula vai perder uma série de ministérios que não existiam no ano passado, como os de Igualdade Racial, Povos Indígenas, Planejamento e Orçamento, entre outros.