Presidente Lula aguarda para discursar no Parlamento de Portugal

TIAGO PETINGA/EFE - 25/04/2022


Data marca a celebração dos 49 anos da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na manhã desta terça-feira (25), durante discurso no Parlamento de Portugal, "soluções militares" para conflitos mundiais e defendeu o diálogo para resolver embates. O discurso de Lula foi interrompido algumas vezes por parlamentares da direita portuguesa que seguravam cartazes com os dizeres "Chega de corrupção".

"Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da História. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política", disse.

Em sua fala, o presidente lembrou a pandemia de Covid-19, em que 700 mil pessoas morreram no Brasil, e atacou a direita ao mencionar o papel das fake news no combate ao vírus. "Metade dessas mortes poderiam ser evitadas não fossem as 'fake news', o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela direita do meu país. Fomos atacados pelo vírus da anticiência e do desprezo pela vida humana", afirmou.

A viagem foi marcada pela reaproximação diplomática entre os países e assinatura de acordos em diversas áreas, como internacionalização de startups, validação de diplomas de ensinos fundamental e médio e combate ao racismo contra brasileiros que vivem no país europeu.

Revolução dos Cravos

Em sessão solene nesta terçam, o Parlamento português vai homenagear o 25 de abril, data de celebração da Revolução dos Cravos, que derrubou o regime ditatorial instaurado no país por António Oliveira Salazar.

O discurso de Lula no parlamento do país europeu chegou a ser anunciado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho. No entanto, em março, um grupo de deputados que fazem oposição ao primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse que o parlamento foi desrespeitado com a medida.

"Isto que estamos a tomar conhecimento constitui um atropelo inaceitável àquilo que é a própria instituição parlamentar. O senhor ministro dos Negócios Estrangeiros não está em sua casa. Esta é a casa da democracia, que tem procedimentos próprios", reclamou o deputado Rui Rocha, presidente do partido Iniciativa Liberal.

Segundo ele, a presença de Lula na sessão da Assembleia da República deveria ser decidida pelo próprio parlamento. "É incompreensível que o ministro dos Negócios Estrangeiros apresente uma decisão que não foi partilhada com grupos parlamentares e com os deputados. Nem António Costa, nem o ministro, nem o governo, nem o PS [partido de Costa] são donos do parlamento", completou Rui Rocha.


  • Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília