Apesar da onda de protestos que acontece há 14 dias por toda a França, o presidente Emmanuel Macron sancionou na madruga de sexta-feira (14) para sábado (15) sua impopular reforma da previdência. No dia anterior, a proposta já havia sido aprovada pelo Conseil constitutionnel (Conselho Constitucional, em português), a Suprema Corte do país, com algumas ressalvas.
Uma das medidas mais polêmicas do texto da reforma, o adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030, foi validada pelo órgão da Justiça francesa na sexta-feira (14), o que revoltou ainda mais a população.
Além disso, o Conselho Constitucional concordou com o avanço para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos, e não mais 42, para o recebimento de uma pensão completa.
Para os sindicatos e membros da oposição ao governo, a forma como o presidente sancionou a lei é uma "provocação". "A lei foi promulgada à noite, como fazem ladrões", comentou o líder comunista Fabien Roussel. No Twitter, a ambientalista Marine Tondelier escreveu: "Que provocação! Novo blefe de Emmanuel Macron, o país nunca esteve tão fragmentado."
Embora a promulgação da reforma represente uma "vitória legal" do presidente liberal de 45 anos, a imprensa francesa considerou, nas publicações deste sábado (15), que ela vai 'custar caro', e que se trata de 'um desastre para a nação', principalmente pela oposição da grande maioria dos franceses.
O conflito social que, ao todo, já dura três meses, deve continuar. Afinal, a população do país que inventou a greve não se rende assim, tão facilmente, à perda de direitos.
Nessa foto, um manifestante de Montpellier, cidade no litoral Sul da França, segura uma faixa com uma imagem que representa o presidente francês sentado em um trono, ao lado da frase: "Rei, estamos chateados".
As outras fotos mostram os protestos que aconteceram em Paris na sexta-feira (14), na região entre o Hôtel de Ville, prédio onde funciona a prefeitura da cidade, e o Palais-Royal, onde fica o Conseil Constitutionnel. A distância entre esses dois pontos é de 1,6km.
Além de carregar bandeiras e cartazes, alguns manifestantes puseram fogo em papéis e lixeiras, e interditaram ruas, o que levou a polícia a responder com bombas de gás lacrimogênio. Cerca de 112 pessoas foram detidas.
Segundo a imprensa francesa, a equipe de comunicação do Palais de l'Élysée (Palácio do Eliseu, a residência oficial do presidente da República Francesa), informou que Emmanuel Macron fará um pronunciamento aos cidadãos franceses na noite de segunda-feira (17). A mensagem será gravada previamente.
Na manhã deste sábado (15), foi publicada no jornal oficial da França a "Lei de 14 de Abril de 2023 sobre a retificação do financiamento da Securidade Social para 2023".