Veja as orientações do agrônomo, Claudiney Turmina e do gerente de Cereais, Luis dos Santos
A estimativa da safra de inverno 2024/2025, conforme levantamentos técnicos, é de indicadores mais otimistas em relação à passada. No que se refere ao trigo, dados da Epagri sinalizam positivamente, com possível aumento de produtividade em todo o Estado: pouco menos de 3,6 mil quilos por hectare - 60,69. Ao mesmo tempo, o boletim divulgado em agosto, aponta para uma redução de 12,43% na área plantada com o cereal, em comparação com a registrada na safra anterior. O fato pode ser reflexo de um período desafiador em razão do clima, o qual também levou a baixa na produtividade.
Cuidado antecipado
Em meio aos manejos adequados no cultivo do trigo, a preocupação é com o êxito da colheita para evitar prejuízos. Para tanto, alguns cuidados antecipados, podem fazer a diferença. Quem explica melhor o assunto é o engenheiro agrônomo, Claudiney Turmina, coordenador de agricultura da Cooperalfa.
Ao avaliar a fase atual da cultura, Turmina explica que houve um período com pouca chuva, o qual provocou o atraso de desenvolvimento da planta e o aumento nos casos de oídio. “Há um desafio expressivo para manejar a doença e quem utiliza sementes tratadas, apresenta mais facilidade em fazer o controle. As equipes técnicas estão preparadas para atuar no combate a esse problema e ao perceber os primeiros sinais, os produtores podem contatar com os profissionais, sendo que quanto mais tarde iniciar as ações, mais difícil minimizar os danos”, comenta ao mencionar que nesse período também podem ocorrer manchas foleares e ferrugem - problema que está mais controlado neste ano.
Rigor no uso de produtos
No momento da pré-colheita, alguns fatores são fundamentais e um exemplo está relacionado ao controle, cada vez mais efetivo, por parte dos órgãos de fiscalização, dos produtos que podem ser utilizados. “São feitas coletas nas propriedades, com análise para verificar se está sendo cumprido com o que é preconizado tecnicamente. Desse modo, frisamos que antes de realizar as aplicações, é importante que o associado procure a equipe técnica. Os intervalos, especialmente de alguns inseticidas, são imprescindíveis para evitar problemas, tanto para o produtor, como à indústria”, salienta.
Outro aspecto, que inclusive está previsto em legislação, pontua o engenheiro agrônomo, é a proibição da dessecação de trigo com Glifosato. “Trata-se de uma molécula sistêmica e o trigo pode absorvê-la - embora seja aplicado na folha – até o grão e posteriormente a farinha será afetada. Isso poderá causar transtornos, devoluções, e, ainda, gerar um processo criminal”, alerta.
Turmina reforça que há produtos e doses permitidas para essa modalidade de dessecação, e é preciso respeitar o período de carência – intervalo comprovado em pesquisas, em que a planta metaboliza esse ativo, sem causar prejuízos ao ser humano. “Sobre os inseticidas, algumas lavouras podem ter ataque de pragas na fase final e poucos (químicos) tem o uso liberado. No entanto, há produtos biológicos para evitar problemas. Vale lembrar que a aplicação se torna ainda mais eficiente se feita no momento pré-infestação ou logo no início da detecção”.
Higienização dos equipamentos
As máquinas e equipamentos merecem uma atenção especial, pois costumam ficar parados no armazém por um dado período. “Antes de utilizar um caminhão ou a colhedora na lavoura, é indicada uma inspeção e higienização, pois há pássaros e roedores que podem causar problemas no produto”.
Mais um ponto fundamental diz respeito a umidade do grão, fator que pode influenciar posteriormente no armazenamento e valor de venda. “O ideal, para que não tenha desconto, é que o associado entregue o produto o mais seco possível. Nesse sentido, há um detalhe: se a lavoura está pronta e o produtor acompanha previsões climáticas que sinalizam para dias consecutivos de chuva, é indicado que ele faça a colheita com antecedência, com um pouco mais de umidade, pois a cultura do trigo é muito sensível à chuva após a maturação fisiológica. Da mesma forma, o excesso de água baixa o Ph, portanto, quanto mais tempo a lavoura ficar exposta à chuva, menos terá o produto precificado”, explica.
A dessecação pré-colheita é outro ponto fundamental e precisa ser feita no período certo, caso contrário, pode causar perda de produtividade. Por isso que, próximo da colheita, o associado pode avisar a equipe técnica que irá orientar sobre a melhor data. Outra dica importante é preparar a lavoura para, assim que colher trigo, realizar o plantio da soja, evitando a perda de tempo com o manejo contra ervas daninhas.
Estrutura preparada
A Alfa possui uma estrutura robusta de secagem, considerando que nos picos de produção pode haver algumas filas de espera, mas no caso do trigo, de modo geral, como há menos expressividade de produção, é possível atender muito bem a todos os produtores.
O gerente da área de cereais da cooperativa, Luís dos Santos, relata que a expectativa é boa, mesmo com o frio intenso que vem sendo registrado. “Acreditamos que haverá uma boa produção de trigo e estamos nos organizando com as estruturas físicas e os recursos humanos. Um exemplo é que na última semana de agosto e início de setembro, foi realizado o treinamento dos classificadores. A atividade é fundamental para atualizar os conhecimentos no atendimento aos associados com suas produções, inicialmente com o trigo, depois com o milho e a soja”, comenta.
As máquinas, equipamentos e estruturas de armazenagem também recebem cuidados antecipados para que seja possível receber a produção com qualidade. “A cooperativa investe em boas tecnologias para dar suporte ao trabalho com o trigo que é um dos produtos mais diferenciados, principalmente pelos processos industriais que envolvem o cereal. Ao mesmo tempo, quanto mais seco o grão, melhor os resultados”, afirma Luís ao acrescentar que sempre comenta com a equipe que trata-se de alimentos para a sociedade e a segurança deve estar na base. A atenção deve ser redobrada com os produtos que podem levar à desclassificação da carga inteira, um prejuízo tanto ao produtor, como para a cooperativa. “Produtores, contem conosco. Em qualquer horário, estamos à disposição de vocês, seja na matriz ou diretamente nas filiais e silos”, declara o gerente de Cereais.