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Pena máxima não deve ultrapassar os 20 anos



Depois de obter sua primeira vitória legislativa com a aprovação final da Lei de Bases, ontem, o presidente argentino, Javier Milei, enviou ao Congresso uma proposta que reduz a maioridade penal de 16 para 13 anos, segundo os ministérios da Justiça e da Segurança do país. "Essa nova lei combaterá o persistente crescimento da criminalidade juvenil, um dos maiores desafios para a prosperidade da nossa nação", argumentou o Ministério da Justiça.

O projeto oficial estipula que menores de 13 a 18 anos cumprirão suas penas em "estabelecimentos especiais ou seções separadas de estabelecimentos penitenciários, sob a direção de pessoal qualificado". A pena máxima não deve ultrapassar os 20 anos e, a partir de dois terços da pena cumprida, o tribunal poderá determinar "se prosseguirá com algumas das medidas alternativas", que não foram especificadas pelo governo.

No caso de penas de 3 a 6 anos, se não houver morte de vítima, violência física ou psíquica grave sobre pessoas, lesões gravíssimas e o menor não for reincidente, a pena poderá ser substituída por medidas como, por exemplo, advertência, proibição de dirigir e de sair do país, prestação de serviços comunitários e monitoramento eletrônico.

Um dos pontos mais polêmicos da iniciativa refere-se a menores inimputáveis (aqueles com menos de 13 anos), uma vez que obriga os juízes a ordenar sua internação para reinserção social "dado o risco de o menor cometer novos crimes".

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que "na Argentina, a reforma do sistema de Justiça Penal Juvenil não requer reduzir a idade de punibilidade, algo que poderia ser interpretado como um retrocesso em matéria de direitos humanos e uma medida regressiva".

Para a organização, existem experiências internacionais que demonstraram que diminuir a idade de punibilidade não foi uma medida efetiva no combate à insegurança. Além de a insegurança estar entre os temas que mais preocupam os argentinos junto com a inflação e o desemprego, o projeto para estabelecer uma nova lei penal juvenil promete um intenso debate no Congresso, especialmente pela resistência de partidos de esquerda.

O governo possivelmente busca consenso na oposição mais aberta ao diálogo, assim como aconteceu com as reformas econômicas que levaram seis meses para ser aprovadas.

Por Estadão Conteúdo


Correio do Povo
por Correio do Povo
29/06/2024 12:23