Paola Seibt e Ricardo Sgarbi possuem um modelo Itamar e mais uma Kombi que usam para passeios e viagens


Se tem um povo apaixonado por carros e motores, este é o brasileiro, não tão doente como os americanos, mas devoto sim dos modelos, motores e seus ícones que fizeram parte de um momento de glamour, de contracultura e, de certa forma, de independência, se formos falar exclusivamente do homenageado mundialmente no último dia 22 de junho, ou seja, Dia Mundial do Fusca.

O seu design clássico arredondado e o motor boxer são velhos conhecidos do mercado automotivo brasileiro. O  dia nacional do Fusca é comemorado dia 20 de janeiro, tamanha é a relação do modelo com a história automotiva do nosso País.

O carro rodou o mundo com inúmeros nomes. Os alemães chamam de Käfer, os norte-americanos de Beetle e os portugueses de Carocha.

O Fusca é o modelo único mais produzido da história e conta com seus mais de 60 anos de produção marcados por 21 milhões de unidades. O modelo “teve filhos”, veículos que foram derivados da tecnologia do velho besouro. Entre eles, conhecidos dos consumidores brasileiros, como o Karmann Ghia, a Variant e a Kombi. No entanto, isso também inclui outras marcas do Grupo Volkswagen, como os carros da linha Porsche.

O “Carro do Povo”

 O projeto começou a ganhar vida ainda nos anos 1930, durante o regime hitlerista que estava focado em levar a Alemanha um nível de modernidade compatível com as grandes potências mundiais. O Carro do Povo (Volkswagen, o nome original do Fusca que também batizou a marca alemã) surgiu originalmente com esse pretexto.

O país contava com uma sociedade pouco motorizada e com veículos acessíveis apenas à burguesia alemã. Por isso, Hitler encomendou o projeto ao projetista Ferdinand Porsche. A ideia era criar um carro acessível, barato, que cumprisse algumas exigências curiosas, a exemplo, a capacidade de levar uma metralhadora montada no capô.

A interrupção da produção do Fusca

 Para a construção do projeto, Porsche garantiu o respaldo do regime para a criação de uma fábrica moderna. A ideia era diminuir os custos de produção e o governo fundou a cidade que futuramente se chamaria Wolfsburg para esse propósito, servindo como espaço para acomodar os operários. É nela que o regime criou a primeira fábrica da Volkswagen e até hoje é onde fica sua sede.

Ainda assim, o “Carro do Povo” teve dificuldade para atingir seu propósito. Isso porque a sociedade alemã era adepta da bicicleta e o automóvel era visto apenas como um lazer reservado à classe média e aos ricos. As primeiras unidades foram, em sua maioria, para as autoridades do alto escalão do regime hitlerista.

Porém, os esforços de guerra alemães logo interromperam a produção e o Fusca tradicional foi substituído por uma versão militarizada. Similar ao jipe, o novo carro tinha o nome de “Kübelwagen”, ou “carro caixote”. No fim da guerra, a maioria do maquinário da Volkswagen estava intacto e, a partir dele, a empresa alemã foi reconstruída.

A história do Fusca no Brasil

 Juscelino Kubitschek foi eleito presidente nos anos 1950 e assumiu na esteira do chamado “nacional-desenvolvimentismo” e do ambicioso plano de crescer “50 anos em 5”, incentivando a produção de automóveis com capital privado — normalmente, de origem estrangeira. Assim, as multinacionais se concentraram na região do ABC paulista.

Em 1959, a Volkswagen lançou o primeiro Fusca com montagem no Brasil. JK aproveitou a fama de pai da indústria automobilística brasileira e desfilou a bordo do carro.

Assim, o clássico da multinacional alemã foi evoluindo ao longo dos anos e se tornou um dos carros mais vendidos do Brasil. Nos anos 1970, por exemplo, ganhou cinto de segurança e começou a passar por testes de impacto. A produção foi interrompida nos anos 1980, já que o carro era considerado obsoleto e a linha de montagem da filial de São Bernardo do Campo precisava ser atualizada.

A despedida do Fusca no Brasil

 Essa ainda não foi a despedida do Fusca. Nos anos 1990, o então presidente Itamar Franco fez uma parceria com a Volkswagen para a empresa voltar a produzir o carro. Assim, o pedido foi polêmico, já que não considerava o avanço da indústria.

Esse ficou conhecido popularmente como “Fusca Itamar”. O clássico ainda passou por atualizações tecnológicas, simbolizadas pelo New Beetle e pelo Fusca A5. A evolução tecnológica foi representativa: o modesto motor experimental do projeto original de Ferdinand Porsche é bem diferente da poderosa engenharia de 211 cv que mais de 60 anos depois foi entregue ao “novo Fusca”.

Jornalista Paola Seibt

 “Dia Mundial do Fusca: quem não tem uma história com um?”. Quem reforça é a jornalista de Gaurama Paola Seibt e seu esposo Ricardo Sgarbi, que já foram notícia no Jornal Bom Dia, em 2023, quando se aventuraram pelo Rio Grande do Sul em uma viagem de final de ano na estrada a borde de uma Kombi. Donos de um Fusca Itamar e de uma Kombi, não negam a paixão que tem pelo cascudinho mais amado do Brasil.

Para Paola, o fusca sempre foi um carro muito popular no Brasil, com mecânica simples e confiável. “Atrai olhares de pessoas mais velhas, que lembram de quando tinham um na família, ou das crianças e adolescentes que curtem veículos antigos. Nós gostamos muito de sair passear com o nosso, especialmente no verão, depois que instalamos o teto retrátil nele. É sempre um momento para relaxar e curtir com nossos amigos”, garante.

Fusca chegou primeiro

         “O fusca chegou primeiro e foi inspiração para montar a kombi. Os dois são personalizados e seguem o mesmo padrão de cor e interior. Usamos o fusca mais em passeios curtos, como uma tarde de domingo, e a kombi para camping e viagens. O nosso, é um fusca Itamar, 1993/94. É um modelo que voltou a ser fabricado em 1993, após sete anos de ser extinta a sua produção no Brasil”.

Paola garante que seu Fusca é tão adorado, e que existem encontros de veículos exclusivos de fusca em todo o país. Nós adoramos a nossa dupla e somos muito felizes em ter feito grandes amizades com pessoas que também gostam de carros antigos. Participamos de dois grupos HoodRide Gaurama e Veteran Car de Viadutos. E, além de ir para eventos em outras cidades, expondo nossos carros, participamos da organização dos encontros de veículos antigos em Gaurama e Viadutos”, finaliza.


Por Carlos Silveira / Jornal e TV Bom Dia 
Foto Arquivo pessoal