Filho de Bolsonaro teria participado de esquema
RECORD/REPRODUÇÃO — ARQUIVO
No processo, que está sob sigilo, filho do ex-presidente é acusado também de falsidade ideológica e uso de documento falso
O Ministério Público do Distrito e Territórios acusou Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. A investigação começou com a Operação Nexum, da Polícia Civil do DF, que apurou um esquema de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
A informação foi confirmada ao R7 e à RECORD por uma fonte que teve acesso ao processo. Procurado pela reportagem, o advogado de Jair Renan Bolsonaro, Admar Gonzaga se limitou a criticar o vazamento da acusação, já que o processo tramita em segredo de Justiça. "A sociedade perde o status de legalidade e humanidade com essa situação", afirmou, em nota. Segundo ele, a divulgação é "muito prejudicial à defesa, ao devido processo, à presunção de inocência e, assim, à imagem de quem tem o direito de se defender."
O Ministério Público também indiciou Maciel Carvalho, instrutor de tiro de Jair Renan Bolsonaro e principal alvo da operação policial. Ele já tinha registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo. A defesa de Maciel Carvalho não foi localizada.
Segundo a investigação da Operação Nexum, o grupo do qual os acusados participavam operava por meio de funcionários "laranjas" para mascarar os reais proprietários de empresas de fachada. Para estabelecer essas empresas, eles recorriam ao uso de identidades falsas na abertura de contas bancárias.
Os policiais também afirmam que os investigados falsificavam informações de faturamento e outros documentos usando dados de contadores sem o consentimento para incluir declarações falsas.
Jair Renan é o quarto filho de Bolsonaro, conhecido como "04", fruto do relacionamento com Ana Cristina Valle. Ele já havia sido alvo da Polícia Federal em 2021, quando foi aberto um inquérito para apurar negócios nos quais o filho mais novo do ex-presidente era envolvido.
Na ocasião, o Ministério Público revelou que a apuração era derivada do procedimento preliminar aberto para verificar os possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro que envolvem um grupo empresarial do setor de mineração e o filho de Bolsonaro.
Em 2022, a PF encerrou a investigação contra Jair Renan e entendeu que ele não tinha cometido crime de tráfico de influência. Segundo o inquérito, o filho do presidente teria utilizado a empresa Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia para articular contatos entre representantes da mineradora Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, do então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Na época, o ex-presidente Bolsonaro declarou que não tinha muito contato com o filho e que não sabia dizer se ele "está certo ou errado" em relação às acusações de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
"O moleque tem 24 anos, acho que ninguém conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui. Tem a vida dele, não sei se está certo ou se está errado, mas peço a Deus que o proteja", declarou Bolsonaro em 13 de abril de 2022.