Início da pandemia, período desafiador para a educação pública de base, que era 100% presencial. A professora de Matemática de Erechim, Josiéli Tonin Pagliosa, da Escola Estadual Normal José Bonifácio, criou contas nas redes sociais para oferecer reforço aos alunos de Ensino Médio e começou a dar aulas de casa, sem muitos recursos tecnológicos. Todo apoio era bem-vindo. 

“Era tudo muito recente e nenhuma escola tinha educação on-line na época. Precisei pedir um quadro emprestado e recebi ajuda do padre, que me emprestou o quadro da igreja”, conta. 

A geração de conteúdo pelas redes sociais se tornou um recurso permanente no pós-pandemia para suporte e incentivo aos estudantes. Mas Josiéli vai além e cria jogos para tornar o estudo da Matemática mais divertido e interessante.

“Uma das atividades já incluiu até a jabuticabeira da Escola Estadual Normal José Bonifácio. Para ensinar princípios de geometria, levo os alunos ao pátio da escola, onde colhem jabuticabas e medem os frutos. Em grupos, os alunos trabalham, se divertem, aprendem e, claro, saboreiam as jabuticabas ao final da aula. 

Josiéli afirma que percebeu que o ensino tradicional não garantiria os resultados que esperava ter com seus alunos. “A pandemia acelerou a possibilidade de melhorar a didática, usando mais a tecnologia e ferramentas para construção de jogos, que os alunos já dominam. Nesse processo de adaptação, eu, com certeza, aprendi tanto quanto ensinei. Foi difícil, mas valeu muito a pena passar por essa fase”, conta emocionada a professora, que hoje faz mestrado e sonha com o doutorado logo ali mais adiante. 

E o reconhecimento vem. Dos alunos, dos pais, da comunidade escolar e agora via Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr). Ela está entre os 20 finalistas do Brasil e o resultado será conhecido em um live realizada no dia 27 de março. 
A OPMBr também começou a ser formatada durante a pandemia em uma reunião online de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).  

Adauto Caldara, do Conselho Executivo da Olimpíada, explica que o Brasil ocupa hoje a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no final ano passado, levando em conta os resultados da área de Matemática. Por outro lado, faz parte da elite da Matemática mundial (nível 5 da Internacional Mathematical Union – IMU) com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente.

“A equação mal resolvida nos mobilizou e agora estamos perto de premiar 10 professores vencedores da categoria ouro. Entre os 20 finalistas, há representantes de diversos estados do País, além do Rio Grande do Sul,  como Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná”, afirma.

Como prêmio, os 10 vencedores participarão em outubro de um intercâmbio técnico e cultural de 15 dias a Xangai para conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco) na Universidade Normal da China, levando em conta que o país figura sempre entre os de melhor desempenho no PISA.

“Será uma oportunidade ímpar de imersão, aprendizado e troca de conhecimento. Nosso objetivo é reconhecer e valorizar iniciativas bem-sucedidas no ensino da Matemática em todo o País, de forma a disseminá-las, trabalhando para melhorar a qualidade do ensino da disciplina e, assim, contribuindo para alavancar a posição do Brasil no ranking mundial, a médio e longo prazo”, considera.

Depois da viagem de premiação, o próximo passo previsto é a realização de 50 workshops – cada um dos premiados ministrará cinco – em 50 cidades definidas em parceria com o Ministério da Educação.

O processo de avaliação dos professores participantes incluiu três etapas: uma prova, uma apresentação em vídeo ilustrando o trabalho desenvolvido em sala de aula e uma entrevista que teve, entre os avaliadores, o professor Cristovam Buarque, que é membro do Conselho Acadêmico da OPMBr.


Por Assessoria de imprensa / Jornal e TV Bom Dia
Foto Divulgação