Benjamin Netanyahu disse que fala de Lula é 'grave'
RONEN ZVULUN/EFE - 24/11/2023
Pelas redes sociais, primeiro-ministro afirmou que comparar ações do país ao Holocausto é cruzar uma linha vermelha
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que comparam as ações de Israel no conflito com o grupo terrorista Hamas ao nazismo. Ele afirmou que a fala de Lula é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocará o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura conversa de repreensão".
"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo em que defende o direito internacional", declarou Netanyahu, nas redes sociais.
A declaração de Lula foi feita em entrevista coletiva neste domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Adeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus", disse.
Distorção perversa da realidade
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou as declarações do presidente e classificou a fala do chefe do Executivo brasileiro como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".
"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.
A entidade criticou também a posição do governo brasileiro em relação ao conflito. "Uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira", afirma o texto.
Críticas a doação a agência suspeita de ajudar o Hamas
Na viagem ao continente africano, Lula também anunciou que o Brasil enviará recursos para a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA). O financiamento do governo brasileiro à organização ocorre no momento em que outros países decidiram cortar verbas destinadas às atividades da UNRWA depois que a agência foi acusada por Israel de colaborar com o grupo terrorista Hamas.
O anúncio de Lula gerou reação de entidades, políticos e especialistas. O deputado Kim Kataguiri (União-SP) pediu à Justiça a suspensão dos repasses do Brasil à agência. Em uma rede social, Kataguiri afirmou que a Constituição Federal impõe como princípios norteadores da administração pública, dentre outros, a legalidade e a moralidade. "O repasse de verbas públicas brasileiras para uma entidade acusada de envolvimento direto em atos terroristas, como é o caso da UNRWA, contraria frontalmente esses princípios," alegou. O Partido Novo também apresentou uma notícia-crime na PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente.
O presidente da Federação Israelita do Brasil, Marcos Knobel, também criticou a posição de Lula. "O presidente vai aumentar o pagamento a uma agência da ONU acusada de apoiar u grupo terrorista, quanto os países ocidentais e democráticos param de pagar. O Brasil vai na contramão, com ditaduras. O comportamento da diplomacia brasileira é lamentável na questão desse conflito", afirmou.