Felipe Neitzke
Dados mostram queda em novembro e também no acumulado do ano em 2023
O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), divulgado nesta quarta-feira (24) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), não sustentou a alta de 1,6% de outubro e voltou a cair em novembro: -2,1%. Nos 11 meses do ano, foram sete quedas, com retração acumulada de 8,7%. Essa contagem sobe para dez recuos, com perda total de 12%, se considerados os últimos 15 meses, quando começou a tendência negativa em curso, em setembro de 2022. “O ano de 2023 termina com ausência de mudanças no cenário econômico, e ainda não há sinais de que o setor possa se recuperar no curto prazo”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
O presidente da FIERGS destaca que a incerteza permanece elevada, os juros, em que pese a redução da Selic, ainda estão no campo contracionista, e a confiança dos empresários segue em níveis muito baixos. Todos esses elementos, associados aos fenômenos climáticos que atingiram o Estado, ajudam a explicar o desempenho negativo e afetam, principalmente, as decisões de investimentos, observa Gilberto Petry.
O IDI-RS é obtido a partir do comportamento de seis variáveis. Na passagem de outubro para novembro, as quedas predominaram e foram intensas nas compras industriais (-10,1%) e no faturamento real (-4,3%). As horas trabalhadas na produção recuaram 1,3%, enquanto o emprego e a utilização da capacidade instalada (UCI), em 78,1% em novembro, ficaram estáveis relativamente a outubro. Apenas a massa salarial real aumentou, 2,3%, com ajuste sazonal.
Comparação anual
Nas comparações anuais, os resultados negativos foram generalizados no penúltimo mês de 2023. O IDI-RS caiu 9,2% relativamente a novembro de 2022, na 11ª retração consecutiva. A queda acumulada do ano acelerou de 4,9%, até outubro, para 5,3%, até novembro, respectivamente, na comparação com os dez e 11 primeiros meses de 2022.
Entre os componentes do IDI-RS, destaca-se negativamente a expressiva baixa de 14,7% das compras industriais, que forneceu a principal contribuição para a queda no IDI-RS no acumulado até novembro do ano passado. Outros componentes também exerceram influências negativas na evolução do índice de atividade industrial no período: faturamento real (-6,2%), horas trabalhadas na produção (-3%), UCI (-3,5 pontos percentuais) e emprego (-0,7%). Apenas a massa salarial real cresceu, 3,8%.
Além de intensa, a queda da atividade industrial do Rio Grande do Sul nos 11 primeiros meses de 2023 mostrou um perfil disseminado, ocorrendo em 12 dos 16 setores pesquisados. Pelo impacto no agregado, os destaques ficaram para as indústrias de Máquinas e equipamentos (-6,7%), Veículos automotores (-7,1%) e Produtos de metal (-8%). Por outro lado, registraram crescimento os setores de Bebidas (1,7%), Tabaco (1,6%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3%) e Móveis (4,5%).