'Não queremos pirotecnia', declarou Lula
FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Petista afirmou que intervenções anteriores 'não resultaram em nada'; mais de 30 ônibus foram incendiados no Rio nesta segunda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou na manhã desta terça-feira (24), durante o programa Conversa com o Presidente, que vai reforçar o combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, em parceria com o governo estadual e a prefeitura. No entanto, Lula descartou a possibilidade de intervenção federal no estado depois dos ataques de milicianos a mais de 30 ônibus na zona oeste da cidade, nesta segunda-feira (23).
"Vamos ver como a gente pode entrar e participar ajudando. Não queremos pirotecnia, não queremos fazer intervenção no Rio de Janeiro, como já foi feito e que não resultou em nada. Não queremos tirar autoridade do governador nem do prefeito, queremos compartilhar com eles e trabalhar juntos uma saída", destacou o presidente.
Lula discutiu a situação no Rio de Janeiro com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ainda nesta segunda, e com o titular da Defesa, José Múcio, na manhã desta terça.
"Temos um problema crônico de enfrentamento ao crime organizado. Enquanto o povo brasileiro passar fome, enquanto tiver muito desemprego e muita gente abandonada, há possibilidade de crescimento do crime organizado. Tudo isso está ligado às condições de vida do nosso povo, e nós precisamos ter consciência disso. É preciso juntar prefeito, governador, presidente da República, todo mundo, no combate ao crime organizado e à marginalidade", completou Lula.
O presidente voltou a participar do programa semanal nesta terça, após quatro semanas afastado. Ele estava em recuperação na residência oficial, o Palácio da Alvorada, das cirurgias que fez em 29 de setembro. O presidente retornou ao trabalho presencial no Planalto nesta segunda.
Ação miliciana
Ataques a ônibus, trem em chamas e suspensão parcial do serviço do BRT foram registrados em bairros da zona oeste do Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira. A onda de violência assustou os cariocas na volta para casa e levou o município a entrar em estado de atenção.
Ao menos oito bairros foram alvo das ações orquestradas pela milícia que atua na região. Os crimes ocorreram após a morte de Matheus Rezende em uma operação da Polícia Civil na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz. Ele era o segundo homem da hierarquia do grupo e sobrinho de Zinho, um dos criminosos mais procurados do estado.
O Corpo de Bombeiros afirmou ter registrado 36 ocorrências de fogo em veículos, em diversos pontos da zona oeste do Rio. Cerca de 200 militares de 15 quartéis trabalharam no combate às chamas.