Um homem ajuda uma mulher a sair de um prédio após ataques em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
DISSE KHATIB/AFP – 22.10.2023
Rafah teria sido um dos alvos dos ataques da madrugada deste domingo; número de mortos passa de 6.000
Israel bombardeou a Faixa de Gaza em larga escala na madrugada deste domingo (22), depois de anunciar que intensificaria os ataques antes de uma incursão por terra, duas semanas após o início da guerra desencadeada por uma ofensiva sem precedentes do grupo terrorista Hamas em seu território.
Com isso, o número de mortos subiu para 6.051, no balanço mais recente da guerra no Oriente Médio.
O governo dos Estados Unidos anunciou que reforçará seu dispositivo militar na região para evitar um conflito generalizado.
Segundo o Hamas, grupo terrorista que governa a Faixa de Gaza, pelo menos 80 pessoas morreram no enclave na madrugada de sábado para domingo.
A cidade de Rafah, próxima da fronteira com o Egito no sul, foi um dos alvos dos bombardeios, que também atingiram Gaza, de acordo com os correspondentes da AFP.
"A partir de hoje, intensificaremos nossos ataques à Faixa de Gaza, com o objetivo de reduzir os riscos para nossas forças nas próximas etapas do conflito", afirmou no sábado o porta-voz do Exército israelense, o general Daniel Hagari.
Após o ataque do Hamas em 7 de outubro, Israel prometeu "aniquilar" o grupo terrorista.
"Vamos entrar em Gaza, vamos cumprir um objetivo operacional, destruir a infraestrutura e os terroristas do Hamas, e vamos fazer isso com profissionalismo", declarou, também no sábado, o comandante do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi.
As autoridades de Israel informaram que mais de 1.400 pessoas morreram no país no ataque de 7 de outubro, a maioria civis que foram baleados, queimados vivos ou mutilados pelos combatentes do Hamas.
Dentro da Faixa de Gaza, pelo menos 4.385 palestinos, a maioria civis, morreram nos bombardeios israelenses de represália das últimas duas semanas, segundo o Ministério da Saúde controlado pelos terroristas do Hamas.
O Exército de Israel concentrou dezenas de milhares de soldados nas fronteiras do território estreito, onde vivem 2,4 milhões de palestinos.
Uma operação terrestre no enclave superpopuloso, repleto de armadilhas e túneis e contra terroristas do Hamas habituados com a batalha, que mantêm mais de 200 reféns israelenses e estrangeiros, será sem dúvida perigosa.
"Gaza é complexa, densamente povoada, o inimigo está preparando muitas coisas, mas nós também estamos nos preparando para eles", alertou o general Halevi. "E teremos em mente as fotografias e as imagens, assim como os mortos de duas semanas atrás", acrescentou.
Família Dizimada
A 6 quilômetros da fronteira com Gaza, o kibutz de Be'eri, onde terroristas do Hamas massacraram pelo menos cem pessoas, se prepara para mais funerais.
"Não tenho certeza se algum de nós consegue assimilar e compreender o que aconteceu", declarou Romy Gold, ex-paraquedista de 70 anos, que se prepara para acompanhar os funerais de cinco integrantes da mesma família.
"Precisamos de garantias de que não voltará a acontecer. E esta não é a sensação que temos", acrescentou.
O Exército israelense matou quase 1.500 combatentes do Hamas na contraofensiva para recuperar o controle das áreas atacadas no sul do país.
Em 15 de outubro, Israel pediu aos civis do norte da Faixa de Gaza que seguissem para o sul para procurar abrigo contra os bombardeios.
Os bombardeios também prosseguem no sul de Gaza. Os terroristas do Hamas informaram que nove pessoas morreram em um ataque a Khan Younis no sábado à noite.
Segundo a ONU, pelo menos 1,4 milhão de palestinos foram deslocados desde o início do conflito, e a situação humanitária no território é "catastrófica".
Em reação ao ataque do grupo terroristas Hamas no início do mês, a Faixa de Gaza é alvo de um "cerco total" desde 9 de outubro, sem o fornecimento de água, alimentos e energia elétrica.
No sábado, um primeiro comboio com ajuda humanitária entrou no território palestino pelo posto de Rafah, na fronteira com o Egito. A passagem, a única que não é controlada por Israel, voltou a ser fechada após a entrada de 20 caminhões.
A ONU calcula que seriam necessários pelo menos cem caminhões diários para atender às necessidades de todos os habitantes de Gaza.
Reforço dos EUA
As hostilidades também alcançaram a fronteira entre o norte de Israel e o sul do Líbano, com ataques recorrentes entre o Exército israelense e o grupo terrorista Hezbollah, pró-Irã e aliado do Hamas.
O Hezbollah "arrasta o Líbano para uma guerra da qual não obterá nenhum benefício, mas na qual se arrisca a perder muito", advertiu o porta-voz das forças de defesa de Israel, Jonathan Conricus.
Diante da "escalada do Irã e de suas forças próximas", o governo dos Estados Unidos anunciou a ativação de vários sistemas de defesa antimísseis "em toda a região" e a mobilização prévia de recursos militares adicionais.
Israel ordenou a evacuação de dezenas de comunidades no norte de seu território. No Líbano, milhares de pessoas também fugiram das áreas de fronteira na cidade de Tiro.
Desde 7 de outubro, 90 pessoas morreram na Cisjordânia ocupada em ataques do Exército ou de colonos israelenses, segundo o Ministério palestino da Saúde.
As forças de defesa de Israel anunciaram neste domingo que mataram "agentes terroristas" dos grupos palestinos Hamas e Jihad Islâmica que planejavam atentados, em um ataque aéreo a uma mesquita na cidade de Jenin, na Cisjordânia.
O Crescente Vermelho em Jenin informou que uma pessoa morreu e três ficaram feridas no ataque. O Ministério palestino da Saúde anunciou que dois homens morreram.
Em outros setores da Cisjordânia, um palestino morreu em uma incursão militar em Nablus e outro faleceu em Tubas.
Além disso, bombardeios israelenses deixaram os dois principais aeroportos da Síria, em Damasco e Aleppo, fora de serviço, informou a imprensa estatal.