Diretora do Cemaden concedeu entrevista para a Rádio Guaíba.
Regina Alvalá, diretora do Cemaden, afirmou em entrevista exclusiva ao programa Bom Dia da Rádio Guaíba que autoridades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram alertadas sobre grandes volumes de chuva e risco de alagamentos em 31 de agosto.
De acordo com Regina Alvalá, diretora do Cemaden, a tragédia climática que causou 47 mortes no Vale do Taquari poderia ter sido evitada com alertas prévios, permitindo que as pessoas saíssem das áreas de risco de alagamentos.
"Nós alertamos sobre as chuvas previstas pela frente fria ao sul da América do Sul, prevendo consequências severas para a Região Sul do Brasil. Em reunião com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos, Ministério da Integração e Defesa Civil, alertamos os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul sobre os impactos significativos das chuvas", afirmou o Cemaden.
Segundo a diretora do Cemaden, é necessário investir em prevenção e contingência de desastres naturais além de alertas, com monitoramento e planos de contingência, educação e conhecimento dos riscos para uma gestão eficiente e atendimento à população.
A diretora questiona a eficiência dos alertas por SMS e destaca que é fundamental que municípios, estados e união trabalhem em conjunto para melhorar a percepção de risco pela população e prepará-la para entender as informações contidas nos alertas.
O comunicado enviado à imprensa pelo Governo do Estado informa que os alertas foram enviados desde o dia 28 de agosto, porém, não foi encontrado nenhum alerta específico para o Vale do Taquari nas datas mencionadas no site da Defesa Civil gaúcha.
Veja o comunicado enviado pela Defesa Civil do RS
“O SGB, Serviço Geológico do Brasil – antigamente chamado de CPRM-, realiza o levantamento de áreas vulneráveis para deslizamentos, conforme classificação geológica e capacidade de resistência a eventos climáticos severos. No Rio Grande do Sul, o SGB já realizou mapeamento de áreas de risco em 59 municípios.
Com base nesses dados, o Cemaden, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, monitora municípios em todas as regiões brasileiras.
Os alertas emitidos pelo Cemaden são encaminhados para as Defesas Civis estaduais que, por sua vez, repassam para as municipais. No dia quatro de setembro, o Cemaden emitiu 48 alertas entre 0h12 e 5h45, de risco moderado ou alto, para diferentes regiões do Rio Grande do Sul, alertas esses que foram repassados aos órgãos competentes.
Além disso, o Rio Grande do Sul possui a Sala de Situação, que presta serviço de monitoramento hidrometeorológico e atua de forma articulada com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura Estadual. A equipe da Sala de Situação trabalha em regime de plantão 24/7 e é composta por meteorologistas e hidrólogos.
São empregadas diversas tecnologias de monitoramento e análise das informações obtidas por meio de radares, satélites e estações meteorológicas, propiciando o adequado monitoramento das condições de chuvas, nível de rios e incidência de ventos no Rio Grande do Sul. Quando são identificadas condições que ofereçam risco, são elaborados alertas, levando-se em consideração a severidade de cada evento adverso.
Assim, a Sala de Situação envia a informação de risco ao Centro de Operações da Defesa Civil (Codec), que emite o alerta às pessoas cadastradas no 40199. Os alertas também são publicados no site da Defesa Civil Estadual, bem como nas redes sociais institucionais e, por meio das nove Coordenadores Regionais de Proteção e Defesa Civil, também alcançam os municípios.
Desde o dia 28 de agosto até às 12h44 do dia 8 de setembro, a Sala de Situação produziu e enviou 20 boletins, três avisos hidrometeorológicos e 19 alertas que geraram mensagem via SMS à população.
O estado conta com um sistema eficaz de monitoramento e alertas para casos de eventos climáticos extremos considerados dentro da normalidade. No entanto, para os casos de situações climáticas como a que atingiu o Vale do Taquari, em que a gravidade não tem precedentes, o governo já havia iniciado um mapeamento de novas tecnologias e sistemas utilizados em outros estados e países, para verificar a viabilidade da implantação em território gaúcho o mais breve possível com o objetivo principal de preservar vidas humanas.
Estão previstas no Plano Plurianual a contratação de serviço de satélite para monitoramento meteorológico, a ampliação do número de áreas de risco a serem monitoradas pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil e a criação do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres“.