PREFEITURA DE PASSO FUNDO/ARQUIVO
Os grandes acúmulos excessivos podem piorar a situação hidrológica dos rios já sujeitos a enchentes.
A MetSul Meteorologia alerta que um novo episódio de chuva extrema vai atingir o Rio Grande do Sul nesta semana. A projeção da MetSul é que os acumulados sejam excessivos em áreas do Centro, do Oeste e o Sul do território gaúcho com marcas que em apenas três a quatro dias de precipitação devem atingir entre a média e o dobro da média histórica de precipitação do mês inteiro. Este será o terceiro episódio de chuva excessiva no Rio Grande do Sul neste mês, marcado até agora por chuva com volumes muito acima do normal no estado gaúcho com saldo trágico que chega a 42 mortos em consequência das precipitações extremas e absolutamente incomuns, embora previstas, do primeiro evento de chuva excessiva.
No primeiro episódio, que teve seu pico entre os dias 3 e 4, acumulados de chuva de 200 mm a 400 mm atingiram grande parte da Metade Norte gaúcha.
No segundo episódio, no dia 7 de setembro, volumes excessivamente altos de chuva atingiram cidades do Sul gaúcho, de parte do Oeste e da Campanha. Pelotas e Rio Grande superaram suas médias históricas de precipitação em horas, o que levou a enchentes também na Metade Sul gaúcha.
Esta sucessão de eventos extremos de chuva está dentro do que pode se esperar sob um evento de El Niño que está se intensificando e começa a adentrar o território de forte intensidade. Por meses se alertou que a chuva aumentaria muito no Rio Grande do Sul no final do inverno e na primavera com episódios extremos de precipitação, enchentes e tempestades frequentes.
Saiba o que vai acontecer por dia em cada região
Segunda-feira: o novo episódio de instabilidade tem complexidade e pode ser dividido, segundo a MetSul, em quatro momentos distintos. Primeiro, uma frente fria alcança o Estado. O sol deve aparecer em todo o RS nesta segunda, e o ingresso de um ar quente vai trazer muito calor, com máximas de 31ºC a 34ºC em muitas cidades. No final do dia, uma frente fria alcança o Oeste e o Sul gaúcho, com chuva forte, temporais com raios e risco de granizo e/ou vento forte em alguns pontos.
Terça-feira: no segundo momento ,a frente vai estar bloqueada por ar mais seco e quente sobre o Brasil. Deve chover muito em pontos do Oeste e da Metade Sul, podendo ocorrer temporais com granizo e vento, com a instabilidade alcançando pontos do Centro do Estado até o fim do dia. No Norte gaúcho, onde o dia será de sol, a temperatura atinge 30ºC à tarde, enquanto na mesma hora estará fazendo 10ºC a 13ºC em cidades da Metade Sul.
Quarta-feira: no terceiro momento, uma área de baixa pressão avança para o RS, onde se aprofunda, voltando a reforçar a chuva sobre o Estado com pancadas localmente fortes a torrenciais em diversas regiões. Haverá elevado risco de temporais isolados com granizo e rajadas de vento forte.
Quinta e sexta-feira: já entre no quarto momento, o centro de baixa pressão migra para o Atlântico, onde se transforma em ciclone extratropical e impulsiona uma frente fria com chuva e temporais isolados para Santa Catarina, Paraná, parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país. A circulação de umidade será responsável por trazer chuva forte e volumosa ainda na quinta no Leste e no Nordeste gaúcho.
O ar frio ingressa entre terça e quinta no território gaúcho, inicialmente pelo Oeste e o Sul, e de quarta para a quinta na maioria das regiões, acompanhado de rajadas de vento do quadrante Sul que em vários pontos devem ficar entre 50 km/h e 70 km/h, mas que, isoladamente, podem ser superiores. Na sexta-feira (15), ar mais seco e frio toma conta do RS e a instabilidade já deve estar afastada do estado. Será o começo de uma pequena sequência de dias com a presença do sol no estado gaúcho.
Todos os modelos numéricos analisados pela MetSul indicam que os volumes de chuva mais elevados neste episódio de precipitação tendem a se concentrar no Oeste e no Sul gaúcho, podendo se estender ao Centro.
Alagamentos, inundações e mais enchentes
Os volumes de chuva serão suficientemente altos para provocar alagamentos em áreas urbanas e rurais, além de inundações. Volumes excessivos em poucas horas trazem ainda o risco de inundações repentinas localizadas. A MetSul adverte ainda que os excessivos acumulados devem agravar a condição hidrológica dos rios que já passam por cheias, podendo gerar novos quadros de enchentes.
Os rios que preocupam são o Quaraí, Ibirapuitã, Jaguarão, Piratini e Camaquã, no Oeste e no Sul. No Centro, atenção maior com os rios Ibicuí e Jacuí. Além disso, os excessivos acumulados de chuva que se somam ao registrados dias atrás podem gerar o extravasamento de alguns açudes.
Preocupa que esta chuva volumosa coincidirá com a Lagoa dos Patos com volume alto em Pelotas e Rio Grande, o que aumenta o potencial de alagamentos nestas cidades. Os canais em Pelotas, já altos, tendem a ter aumento ainda maior. O vento por vezes forte, com a lagoa alta, é outro fator que pode agravar a condição para alagamentos.
Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem ser terminantemente evitados por motoristas.
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