Massa é o atual ministro da Economia da Argentina
MARCOS CORRÊA/PR - 4.3.2020
Atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa tem reunião com o presidente brasileiro para discutir adesão ao Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm uma reunião na tarde desta segunda-feira (28) com o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, que vai disputar as eleições à Presidência do país neste ano. Apoiado pelo atual presidente, Alberto Fernández, Massa vem ao Brasil para debater a adesão da Argentina ao Brics. O convite ao país foi feito na última semana após reunião da cúpula do grupo na África do Sul.
O ingresso da Argentina no grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul foi bastante defendido por Lula. A escolha do presidente pelo país vizinho, inclusive, foi entendida como um gesto à candidatura de Massa, visto que Lula é amigo pessoal de Fernández. Hoje, o ministro da Economia argentino está atrás dos principais adversários nas pesquisas eleitorais. Javier Milei e Patrícia Bullrich, dois nomes de oposição à gestão de Fernández, ocupam as primeiras colocações.
O convite à Argentina foi visto também como uma tentativa de interferência no cenário eleitoral. Dos três candidatos à Casa Rosada, apenas Massa é a favor de que o país faça parte do Brics. A decisão final sobre a entrada do país no bloco só será anunciada no início de 2024, quando o vencedor das eleições deste ano já estiver à frente da Argentina.
Apesar disso, Lula garantiu que a escolha pela Argentina não foi motivada por ideologias e destacou que o processo de escolha de novas nações para o grupo foi bastante criterioso. Além da Argentina, foram convidados Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
“Essas pessoas escolhidas já estavam pedindo há muito tempo para entrar. Não foi de forma aleatória, por acaso. Estavam na fila, há muito tempo reivindicando. Outros países vão pedir, e nós vamos fazer da mesma forma seletiva, criteriosa, escolhendo as pessoas de acordo com a importância geopolítica de cada país”, disse Lula em entrevista a jornalistas ao fim da cúpula do Brics.
O presidente disse ainda que “a mim não importa, não importa do ponto de vista do Brics, quem ganhe as eleições na Argentina”. “Todo mundo sabe que eu sou amigo de Alberto Fernández, mas o Brasil enquanto Estado vai negociar com o Estado argentino, independentemente de quem seja o presidente. Pode ser que o presidente não queira negociar com o Brasil, é um direito livre e soberano dele”, destacou.
“A responsabilidade que nós tomamos hoje, e é isso que dá seriedade à escolha da Argentina, é que a gente não está colocando a questão ideológica dentro do Brics. A gente está colocando a importância geopolítica de cada Estado. E a Argentina é muito importante na relação com o Brasil e com a relação com a América do Sul”, completou.
Outro tema do encontro de Massa com Lula e Haddad será a proposta feita pelo governo brasileiro para que os dois países possam usar o yuan, a moeda oficial da China, em operações comerciais. Na semana passada, Haddad declarou que, caso entre em vigor, a medida pode intensificar o volume de exportações do Brasil para a Argentina.
Com escassez de reservas em dólares, a Argentina tem limitado as compras brasileiras por falta de moeda para honrar pagamentos. Por isso, o tema interessa ao Brasil. "Já encaminhamos para o governo da Argentina uma proposta de garantia em yuan das exportações brasileiras. Para os exportadores brasileiros é uma coisa boa, será uma boa notícia se a Argentina concordar. Porque eles podem ter algum fluxo de venda dos seus produtos com 100% de garantia", afirmou o ministro.