Revisão ainda não devolve grau de investimento ao Brasil

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Fitch afirma que decisão leva em conta expectativas sobre novas regras fiscais e medidas tributárias anunciadas pelo governo


A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil para BB, contra BB- antes, com perspectiva estável.

De acordo com relatório da Fitch, essa elevação "reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos".

A agência ressalta ainda as expectativas de que as novas regras fiscais e medidas tributárias anunciadas recentemente pelo governo federal e em tramitação no Congresso Nacional ancorem uma consolidação fiscal gradual.

"Políticas proativas e reformas apoiaram isso, e a expectativa da Fitch é de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais", acrescenta a agência ao afirmar que o governo "tem conseguido garantir a governabilidade e avançar em sua agenda política".

Em nota, o Ministério da Fazenda comemora a elevação da nota de crédito e ressalta que a decisão reflete os "esforços empreendidos pelo governo para fortalecer o ambiente econômico e promover a consolidação fiscal".

"A melhora no rating leva em consideração não apenas ações já ocorridas, mas também a expectativa quanto à capacidade e vontade do país de prosseguir com a agenda de reformas econômicas", afirma a pasta.

Outras agências

Com a decisão, a Fitch é a primeira das grandes agências de classificação de risco a alterar positivamente a nota de crédito brasileira. No mês passado, a Standard & Poor's revisou, de estável para positivaa perspectiva de longo prazo na escala global para o Brasil, movimento que não ocorria desde 2019.

Já a Moody´s tem nota Ba2 com perspectiva estável para o Brasil. Todas as notas, no entanto, continuam abaixo do chamado grau de investimento, também nomeado "selo de bom pagador", o que indica baixo risco de calote para investimentos estrangeiros.

Crescimento

A Fitch também elevou a perspectiva para o crescimento econômico do Brasil neste ano para 2,3%, forte melhora ante a expansão de 0,7% prevista antes. "O ímpeto econômico continua em 2023 após uma recuperação pós-pandemia saudável, apoiada por uma safra agrícola abundante", diz a agência. 

"O consumo esfriou com a política monetária apertada, mas continua sustentado por um mercado de trabalho forte, gastos fiscais e crescimento contínuo do crédito", avalia a Fitch no relatório apresentado nesta quarta-feira (26), que também prevê o início dos cortes da taxa básica de juros em agosto.

A Fitch espera uma desaceleração do crescimento para 1,3% em 2024, a ser seguida por uma convergência a uma tendência de crescimento de 2% nos anos seguintes. A agência também vê o resultado primário do governo nas faixas mais baixas da meta de 0% do PIB em 2024 e em 0,5% em 2025, com riscos negativos. Já a dívida foi calculada em 75% do PIB em 2023.


  • Do R7, com Reuters