Mais de 200 agentes foram mobilizados no cumprimento de 534 ordens judiciais | Foto: PF / Divulgação / CP
Operação tem como alvo uma organização criminosa que movimentou 17 toneladas de cocaína em dois anos e utilizava duas empresas de logística marítima em Rio Grande e Itajaí
A Polícia Federal e a Receita Federal desencadearam uma ofensiva contra uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas, que movimentou 17 toneladas de cocaína em dois anos, estruturada em duas grandes empresas de logística marítima sediadas nos portos de Rio Grande (RS) e Itajaí (SC). Os entorpecentes tinham como destino a Europa, sendo que 12 toneladas foram apreendidas durante a investigação iniciada em março de 2021.
Ao amanhecer desta quinta-feira foi deflagrada a operação Hinterland com o cumprimento de 17 mandados de prisão preventiva e outros 37 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amazonas e Rondônia, além de Assunção, no Paraguai. Mais de 200 agentes foram mobilizados.
Na ação foram realizados ainda os sequestros judiciais de 87 bens imóveis, 173 veículos e de uma aeronave, bem como bloqueios de contas bancárias vinculadas a 147 CPFs e CNPJs, 66 bloqueios de movimentação imobiliária de 66 pessoas físicas e jurídicas e a proibição de expedição de Guia de Trânsito Animal por quatro investigados.
Ao todo, a ofensiva totalizou 534 ordens judiciais. Segundo a Polícia Federal, um dos objetivos é a descapitalização da organização criminosa, que pode chegar a R$ 3,85 bilhões. Trata-se do valor estimado das transações ilícitas identificadas durante o período da investigação.
O trabalho investigativo começou a partir de informações recebidas pela Polícia Federal de que 316 quilos de cocaína haviam sido apreendidos na cidade de Hamburgo, na Alemanha, em dezembro de 2020, a partir do porto de Rio Grande. Os agentes apuraram que a droga produzida na Bolívia era remetida para o Brasil por um fornecedor paraguaio e ingressava no país por Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
Posteriormente, a cocaína era transportada em caminhões até o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde ficava armazenada nas próprias empresas da organização criminosa ou em depósitos próximos aos portos de Rio Grande e Itajaí. A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento dos contratantes, proprietários das cargas lícitas. Já no continente europeu, o grupo comprador do entorpecente furtava a parte da carga regular que continha a cocaína, visando a distribuição em diversos países da região.
O trabalho policial teve apoio da Europol e da Secretaria Nacional Antidrogas e da Fiscalía, ambas do Paraguai. A Polícia Federal celebrou ainda acordos de cooperação policial internacional com a Alemanha e Paraguai, além de cooperação jurídica internacional com a França e a Alemanha, para execução das medidas.