Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Presidente disse que não 'acusaria sem provas', mas arriscou comentário sobre ação que prendeu suspeitos de planejar ataque
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quinta-feira (23) a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% pelo Banco Central e comentou que o plano descoberto pela Polícia Federal que tinha como alvo o ex-juiz e agora senador, Sergio Moro (União-PR), é uma "armação".
"É visível que é mais uma armação, mas isso a gente vai esperar, não vou atacar ninguém sem ter provas", disse o presidente ao ser questionado sobre se estaria acompanhando os desdobramentos da operação da Polícia Federal (PF).
Nessa quarta-feira (22), a PF cumpriu 11 mandados de prisão contra suspeitos de planejar os atentados. Durante as apurações, foi identificado que um olheiro, ligado à facção criminosa PCC, estaria fazendo campana na frente da casa do senador, em Curitiba. As investigações mostram que os suspeitos pretendiam realizar os ataques de forma simultânea em vários estados.
A operação foi anunciada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, que afirmou que as investigações começaram há cerca de 45 dias, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informou sobre a possibilidade dos ataques.
"Especificamente em relação ao senador Moro, chamou a atenção, e foi determinante para a PF, o fato de já haver atos de montagem de estruturas para perpetração de crimes no Paraná. Isso que levou parte da investigação a tramitar no Paraná", afirmou o ministro.
Nessa quarta, Moro apresentou um projeto de lei no Senado com o objetivo de tornar mais duras as penas contra o crime organizado. Ele disse que espera apoio do governo federal para aprovar o projeto como um "pedido de desculpas" por declarações recentes de Lula sobre o senador.
A afirmação do ex-ministro e ex-juiz se refere à afirmação de Lula de que alimentava uma ideia de vingança contra o senador quando estava preso, em Curitiba. Para Moro, a fala de Lula — de que "só vou ficar bem quando eu f... com o Moro" — expõe ele e a família a uma situação de "vulnerabilidade".
Banco Central
Em mais uma ofensiva contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o petista voltou a criticar a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% e disse que o chefe do BC tem que "cumprir a lei". "Ele precisa cuidar da política monetária, mas também do emprego, da inflação e da renda do povo. É isso que está na lei. Ele não está fazendo isso. Se estivesse fazendo, eu não estaria reclamando."
Ontem, o BC anunciou a decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano, o maior patamar desde 2017. A medida desagradou o governo federal. Em outra oportunidade, Lula sugeriu revisar a autonomia do banco.
O presidente cumpre agenda no Rio de Janeiro, onde visita o Complexo Naval de Itaguaí para acompanhar os avanços do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, batizado de ProSub. O programa concluiu os testes de imersão do submarino S-41, o "Humaitá". Ele retorna a Brasília ainda nesta quinta-feira (23).