Em nota, presidente da Fiergs disse esperar que Bacen mude posicionamento nas próximas reuniões.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) de manter pela quinta reunião consecutiva, a taxa básica de juros da economia em 13,75%. Para o presidente da entidade, Gilberto Petry, a medida não se justifica e a indústria acaba prejudicada. Ele reforçou que o setor não suporta esse nível de juros e sofre para obter capital de giro. Em nota, a Fiergs enfatiza que a taxa se mantém oito pontos acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 5,6%.
Segundo Petry, a redução da taxa precisa ser iniciada o quanto antes. O dirigente salienta que os problemas na oferta de crédito trazem um desafio adicional para a indústria, em especial pelo encarecimento das linhas de financiamento, fundamental para que a atividade produtiva seja preservada.
O presidente da Fiergs lembrou que o aumento dos juros no Brasil começou antes, em relação a outros bancos centrais do mundo, e ocorreu de forma “muito rápida e intensa, de modo que muitos efeitos já apareceram e outros ainda serão sentidos na economia nos próximos meses”. Petry disse esperar, com isso, que o Bacen leve esse cenário em consideração e inicie o ciclo de redução dos juros nas próximas reuniões.
Ele também defendeu que o governo federal contribua apresentando um arcabouço fiscal crível que conduza ao equilíbrio das contas públicas e ajude a segurar a inflação presente e futura.
Apesar da desaceleração da economia e das pressões de parte do governo Lula, a decisão do Copom era esperada pelo mercado financeiro. A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também atingia 13,75% ao ano. O BC não mexe na Selic desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom elevou a taxa por 12 vezes consecutivas, em um ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. A elevação da Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito, desestimulando a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas comprometem a recuperação da economia.
Outras manifestações
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “equivocada” a decisão do Copom de manter a Selic inalterada. Para a entidade, a medida é, neste momento, desnecessária para o combate à inflação, trazendo custos adicionais para a atividade econômica.
Em nota, a Federação das Indústrias do Rio e Janeiro (Firjan) reiterou que a manutenção do patamar da taxa de juros em 13,75% ao ano impõe severos sacrifícios à atividade econômica e representa entrave para as condições de crédito, prejudicando os investimentos das empresas e o consumo das famílias.
As centrais sindicais, que protestaram nos últimos dias contra os juros altos, também criticaram a decisão do Banco Central. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) repudiou a decisão. Para a entidade, a manutenção dos juros “revela uma completa submissão do Copom aos interesses dos rentistas e um evidente boicote do presidente do BC” a quem trabalha pela retomada do crescimento da economia”
Já a Força Sindical emitiu nota em que classifica os juros atuais de “extorsivos”, sufocando a produção, o consumo e a geração de empregos no país.