Comitiva liderada pelo Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, e pela Prefeitura Municipal de Quatro Irmãos, visitou o Senado, o TCU e a Embaixada de Israel, em Brasília, celebrando o dia 18 de Março, instituído como "Dia Nacional da Imigração Judaica".


Presentes no Brasil desde o descobrimento, com presença na missão de Pedro Álvares Cabral de, por exemplo, Gaspar da Gama, polonês que falava diversos idiomas, e do Mestre João Faras, cartógrafo e astrônomo, que reconheceu pela primeira vez o Cruzeiro do Sul, vieram ao Brasil como cristãos novos conversos à força por 3 séculos, ou ainda praticando judaísmo junto com os holandeses no Recife, e no século XVIII ajudando a ocupar a Amazônia, especialmente judeus sefarditas do Marrocos.

Mas apenas uma expressiva imigração ocorreu de maneira formal e consentida, mantendo a identidade judaica, que foi no início do século XX, com a implantação de colônias no Rio Grande do Sul, a partir de uma enorme ação filantrópica do casal Barão Maurice Hirsch, e Baronesa Clara Hirsch, das famílias do Banco de Paris e Banco Paribas, e pioneiros na construção de ferrovias em toda Europa, como a famosa Orient-Express.

Através desta ação, milhares de famílias judias foram retiradas do leste europeu, expostas que estavam a violentos progroms e pobreza, e a um forte antissemitismo. Foram deslocadas para Argentina, Uruguai, Canadá, Austrália, e no Brasil para o Rio Grande do Sul, especialmente para a Fazenda Quatro Irmãos, recebendo mais de 1500 famílias, que hoje, estima-se, tenham mais de 60.000 descendentes, espalhados no Brasil, Estados Unidos, Europa e Israel. Hoje o Barão Maurice Hirsch é reconhecido como o “Moisés das Américas”.


Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, e Prefeitura Municipal de Quatro Irmãos, lançaram projeto de polo de turismo, a partir do “sítio” histórico ainda existente da antiga Colônia de Quatro Irmãos, com memorial, cemitério de pioneiros, antigas edificações e identificações urbanas. Fora de Israel, apenas em Quatro Irmãos, ali ao lado de Erechim e Passo Fundo, todas as ruas são denominadas com nomes de judeus. Através de roteiro de atividades neste polo, as pessoas poderão conhecer in loco o modelo de vida da época, a atividade econômica e base religiosa, e o legado deixado à toda região. O turismo, a partir da história judaica, tem ganho grande evidência em todo mundo, como no caso do sucesso da restauração da Primeira Sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel, em Recife.

Para apresentar o Projeto estiveram em visita ao Senado Federal, sendo recebidos pelo Senador Davi Alcolumbre, o primeiro judeu a presidir o Senado Federal, e autor da Lei que instituiu o Dia Nacional da Imigração Judaica, pelo Senador Jacques Wagner, líder do Governo no Senado, e pela Diretora Ilana Trombka, todos pertencentes à comunidade judaica. Foram apresentadas as premissas do projeto e debatidas formas de avanço. Também ocorreram encontros com o Senador Magno Malta, e com o Senador Luis Carlos Heinze, este representando a região do interior gaúcho.

Igualmente ocorreu visita ao TCU, com recepção por parte do Ministro Benjamin Zymler, primeiro ministro judeu que foi presidente do TCU, e do Ministro Augusto Nardes, que recentemente descobriu sua ascendência judaica de origem portuguesa sefaradita.

A ocasião também teve, a convite, participação de representantes da comunidade judaica do Norte do Brasil, com Leão Azulay, representando o CIAM – Comitê Israelita do Amazonas, residente em Parintins, e o Rabino Abraham Kabacznik, Diretor do Centro Israelita do Pará, que estão conduzindo trabalho de resgate de cemitérios judaicos da Amazônia, através de tombamento público.


Lideraram a comitiva Nilton Wainer, Presidente do Instituto Cultural March Chagall, Giovan Poganki, Prefeito do Município de Quatro Irmãos, Hércio Agranionik, Presidente da Sociedade Israelita de Erechim e Waldecir Toigo, Presidente da Câmara de Vereadores de Quatro Irmãos, sendo acompanhados pelo jornalista Sergio Lerrer, integrante da comissão de trabalho do Polo de Turismo Histórico.

O Instituto Cultural Judaico Marc Chagall é sediado em Porto Alegre, existente há quase 40 anos, fundado pelo casal Evelyn Berg Iochpe e Ivoncy Iochpe, e atualmente é guardião de todo acervo documental da imigração judaica ocorrida ao Rio Grande do Sul, e de centenas de depoimentos de imigrantes pioneiros.


Sergio Lerrer/Jornalista colaborador
por Sergio Lerrer/Jornalista colaborador
19/03/2023 16:52