Invasão do MST em fazenda da empresa Suzano, no sul da Bahia

MST BAHIA/COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO


A declaração ocorre após a Justiça ter determinado a reintegração de posse de uma das fazendas invadidas no Sul do estado


Em meio a invasões em três fazendas na Bahia, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ameaçou invadir mais propriedades espalhadas pelo país. "Continuamos por aqui fazendo luta. E temos disposição para outras ocupações", disse Eliane Oliveira, dirigente da entidade no estado baiano.

A ameaça ocorre após a Justiça ter determinado a reintegração de posse de uma das fazendas invadidas, em Mucuri, e prever multa de R$ 5.000 por dia em caso de descumprimento, além do uso de força policial para a retirada dos ocupantes. "As famílias continuam na área. Até o momento nenhum oficial de justiça esteve no local para notificar. E nós permaneceremos até que haja a reintegração", informou Eliane.

O MST reestreou na terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com invasões em três fazendas de cultivo de eucalipto da empresa Suzano nos municípios baianos de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas. Cerca de 1.700 sem-terras participaram dos atos.

De acordo com o movimento, a invasão ocorre por dois motivos. O primeiro é pressionar para que se cumpra um acordo, firmado em 2011, entre a Suzano Papel e Celulose S/A e a entidade.

"A empresa se comprometeu a ceder áreas para assentar 750 famílias. Isso não ocorreu até hoje”, alegou Eliane. "Temos disposição de continuar fazendo luta até que ela cumpra o acordo que fez com essas famílias, que estão há 12 anos esperando que as áreas sejam cedidas para desapropriação", acrescentou.

As declarações foram dadas pela líder do movimento na Bahia a um site de notícias e publicadas no portal do MST.

Nesta semana, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, informou que vai mediar o conflito entre a empresa e o movimento e afirmou que vai pedir a desocupação da área.

"Tomamos duas providências. A Suzano vai recuperar a negociação, pois me parece que foi feita há dez anos. Então, a equipe do MDA vai recuperar junto com a Suzano a negociação e junto com o MST", disse.

"Vamos endereçar ao MST o pedido da Suzano de desocupação da área e temos o propósito de uma reunião com a Suzano e o MST na semana que vem", acrescentou. "Hoje, vou ligar para o MST sugerindo a eles que possam negociar as questões relacionadas a esse terreno", completou.

As invasões contrariam o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na campanha eleitoral, o petista chegou a dizer que o MST não ocupava propriedades produtivas, como são as áreas da Suzano.

Setor Agropecuário

O posicionamento do Executivo tem incomodado o setor agropecuário, aumentando o desgaste com a área. "As invasões ocorridas nos primeiros meses deste ano em diversas regiões são o resultado da conivência histórica com a impunidade. É o caminhar, lado a lado, por parte de alguns, com a depreciação da ordem e da lei", criticou a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O grupo, um dos mais robustos do Congresso Nacional, atua na defesa ao direito de propriedade e contra invasões. "A segurança social demanda que a propriedade seja assegurada em qualquer hipótese. Invasões não são meios adequados para requerer a execução da reforma agrária. Nenhum ilícito pode ser justificativa ou meio para uma política pública", reforçou a FPA em uma nota de repúdio aos avanços do MST.

O presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBA), associação que representa o setor florestal para fins industriais, também criticou as invasões em fazendas da empresa Suzano, que atua na produção de celulose. "Além do flagrante desrespeito à legislação, as ações, em vez de promover justiça social, acarretam prejuízos econômicos e sociais, pondo em risco empregos e renda", afirmou Paulo Hartung.


  • Do R7