O governo não apoiou nem desaprovou a invasão e disse que tentará resolver a questão 'pelo diálogo'
Quem faltava chegou. Todo mundo esperava que, neste governo Lula, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) saísse do ostracismo em que está há um punhado de anos. Pois os militantes já voltaram ao noticiário, e da pior maneira possível: invadindo terras produtivas.
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário
JOÉDSON ALVES/AGÊNCIA BRASIL - 16.02.2023
Na madrugada da segunda-feira (27), o Movimento, numa clara falta do que fazer, levantou acampamento em propriedade pertencente à Suzano Papel e Celulose, na Bahia. A empresa garante que gera na região cerca de 7.000 empregos diretos e mais de 20 mil indiretos, fora movimentar a economia em seu entrono.
O motivo da manifestação, segundo o MST e as 1.550 pessoas envolvidas no conflito, chega a ser singelo: querem denunciar o crescimento das monoculturas na região, como a do eucalipto. A plantação tem provocado êxodo rural e causado problemas hídricos. Então tá.
Para uma reestreia que se esperava triunfante, convenhamos, faltou roteiro, cenário e algum latifúndio improdutivo. Ficou para o governo petista a vergonhosa tarefa de, na voz de seu ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, dizer que “tentará resolver pelo diálogo” a situação.
Constrangido, o ministro não chegou a criticar a invasão, tampouco apoiá-la. Mas se comprometeu, vejam só, a entrar em contato com o Movimento e entregar aos seus líderes “um pedido da Suzano de desocupação da área”. Alguns dizem que essas invasões que não vão dar em nada foram atribuídas à demora do governo em nomear o comando do Incra. O cargo está sendo alvo de disputa pesada. O MST, quem diria, quer alguém alinhado.
Que vexame.