Lula na convenção da CUT, em Guarulhos (SP), em 2014
RICARDO STUCKERT/29.JUL.2014/INSTITUTO LULA
Em comunicado, entidade afirmou que valor de R$ 1.320, com vigor a partir de maio, 'não é o esperado nem suficiente'
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) criticou o aumento do salário mínimo anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última quinta-feira (16). "Não é o esperado nem suficiente", alegou a entidade, que afirmou não ter sido consultada sobre a mudança.
"A Central Única dos Trabalhadores, que conhece os direitos e representa a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, sabe que esse aumento não é o esperado nem suficiente", disse em nota. "A retomada do crescimento econômico só se dará com uma política consistente de valorização salarial", detalhou.
Segundo o comunicado, a CUT não vai se contentar com a proposta atual, tampouco "aplaudir quem nos está lesando". A entidade informou que não foi consultada sobre o novo valor do salário mínimo e defende o reajuste para R$ 1.382.
O valor do salário mínimo, atualmente em R$ 1.302, será de R$ 1.320 a partir do mês de maio. A quantia que ainda está em vigor no país vale um pouco mais do que uma cesta básica e meia. Segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo médio do grupo de alimentos essenciais para uma família brasileira ficou em R$ 802,36 em janeiro.
A cesta básica é composta de 13 produtos definidos em decreto de 1938 e é base para o cálculo do valor do salário mínimo necessário para a sobrevivência de uma família. Fazem parte dela itens como carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, legumes, pão, café, frutas, açúcar, óleo e manteiga, e a quantidade varia por região.
Além do salário mínimo, Lula anunciou que a isenção do Imposto de Renda subirá para R$ 2.640. Hoje, o mínimo é de R$ 1.302, e a faixa de isenção do IR é de R$ 1.900. O valor, contudo, é abaixo do que o que foi prometido pelo petista durante a campanha eleitoral — de R$ 5.000.
Como mostrou o R7, o aumento de R$ 18 no salário mínimo e a expansão da faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) para R$ 2.640 podem elevar a dívida pública do país neste ano em ao menos R$ 2,28 bilhões.
O economista Hugo Garbe calcula que, a cada R$ 10 de aumento no salário mínimo, o governo se endivida em mais R$ 1 bilhão. Ele estima, ainda, que a nova isenção do imposto de renda vá inchar a dívida em R$ 480 milhões. No total, seriam R$ 2,28 bilhões a mais.
"O valor do custo das medidas é diferente do incremento da dívida, pois o governo já tinha uma previsão orçamentária para isso. Só que, como o custo será maior do que a previsão orçamentária, a diferença dá justamente os R$ 2,28 bilhões", explica.