O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o presidente eleito do Brasil, Lula
RICARDO STUCKERT - 31.10.2022
Artigo assinado pelos presidentes do Brasil e da Argentina confirma a intenção de criar uma moeda sul-americana
Um artigo assinado de forma conjunta pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, confirma a intenção de criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. O texto assinado pelos chefes de Estado, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos, foi publicado neste domingo, 22, no diário argentino Perfil.
"Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa", escreveram Lula e Fernández.
No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. "Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais."
Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum.
Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum.
Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. "Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela", lembrou o jornal argentino.