Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP
Ministro da Justiça afirmou que é certo que ações foram financiadas, mas ainda não é possível definir de onde vieram recursos.
O governo federal, por meio do Ministério da Justiça, identificou financiadores dos atos antidemocráticos em 10 estados. A informação foi repassada pelo ministro titular da pasta, Flávio Dino, na tarde desta segunda-feira, no Palácio da Justiça, em Brasília.
O ministro não apresentou, contudo, detalhes sobre as unidades federativas. Dino ressaltou, porém, que não há dúvidas da ação de financiadores por trás das ações de vandalismo, que incluem a invasão da sede da Polícia Federal e o quebra-quebra na área central de Brasília, em 12 de dezembro, a ameaça de explosão de uma bomba nas proximidades do aeroporto da capital federal, na véspera de Natal, e as depredações das sedes dos três Poderes, nesse domingo (8).
Dino concedeu entrevista coletiva no Palácio da Justiça, em Brasília. Ele estava acompanhado dos delegados-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal, Antônio Fernando Oliveira e Andrei Rodrigues, respectivamente.
"Não é possível distinguir [de quais setores partiram os financiamentos], mas houve, sim, cabalmente, financiamento. Temos a relação dos contratantes dos ônibus, que serão chamados a prestar esclarecimentos", afirmou Dino.
Ele afirmou que não há, até o momento, nenhum elemento capaz de responsabilizar juridicamente o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Na avaliação do ministro, ainda não é possível saber se houve crime ou erro. No entanto, os comandantes das polícias da capital do país, principalmente da Polícia Militar, serão revistos.
De acordo com Dino, houve quebra de acordo entre as forças de segurança do DF e o governo federal. "O que acertamos para a posse [do presidente Lula, em 1 de janeiro] com o Governo do DF foi fielmente cumprido. Acreditávamos que o planejamento de segurança feito para ontem seria cumprido. Infelizmente, não foi", lamentou.
Ele rechaçou a hipótese de que o governo federal tenha subestimado as ameaças de extremistas, chamou os atos de tentativa de “golpe de Estado” e afirmou que “o pior já passou”.
“Lidamos com isso desde antes da posse [presidencial, em 1º de janeiro]. Não houve minimização do que ocorreria, tanto que agimos e há pessoas presas, inclusive financiadores. Nunca minimizamos o terrorismo. Agimos com os meios disponíveis, que não são os ideais. Não estamos operando em uma situação de normalidade institucional. Há valores exóticos na sociedade, inclusive nas instituições de Estado. As fotos estão aí. É nestas condições difíceis que atuamos. Estamos agindo contra o terrorismo desde antes da posse”, declarou.
Houve, na avaliação de Dino, um conjunto de crimes nos episódios de domingo (8) de destruição na Praça dos Três Poderes. “Golpe de estado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado, por ser patrimônio público tombado; associação criminosa; e lesões corporais”, elencou. “Alguns acreditavam que, a partir daqueles eventos, se produzisse um quadro de anomalia e uma situação propícia para novas aventuras, o que não ocorreu. O pior passou”, aliviou-se.
Dino destacou que agir nos termos da lei, com responsabilização penal e cível dos envolvidos, tem dois objetivos principais: punir quem infringiu a lei e agir preventivamente. “Não vamos transigir no cumprimento dos deveres legais. Isso é essencial para que tais eventos não se repitam”, completou.
Responsabilização
O ministro afirmou na tarde desta segunda-feira (9) que os extremistas que depredaram as sedes dos três Poderes serão processados para ressarcir a União dos danos causados.
"Foram realizadas perícias pela Polícia Federal, nos locais atacados, visando a instrumentalização dos inquéritos da PF, e para responsabilização civil, para que a AGU [Advocacia-Geral da União] cobre indenização de quem perpretou danos materiais, alguns irreparáveis. As perícias são para aparelhar as ações de indenização", declarou o ministro.